sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Globalização, íman sem fronteiras

Cabe aos tradicionalistas travarem batalhas duras
Cabe aos maestros conservadores inventarem todos os hinos
Mas a globalização, cada dia avança, cada dia invade,
Cada dia aterra ou atraca…
Cada dia implanta-se, dita regras no consciente ou no inconsciente…

Assim cabe a própria estrutura social socializar-se,
Readaptar-se ou reestruturar-se
Ou simplesmente enforcar-se…
Neste íman sem fronteiras, sem segredos…

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Terra de Boa Gente

Nas espessas sombras da frescura da baía
Sussurrados por marés vazantes ou enchentes
Evacuando as maravilhosas conchas nuas pela marginal
No belo nascer e pôr-do-sol sorridente
Que nasce ou morre espetado no azul das águas serenas
Onde riquezas de espécies marinhas multiplicavam-se
Na inocência dos anzóis e redes que viriam em massa…
No longínquo ano de 1498,

Conheceram-te...

Nas tuas sombras de solidão natural
Nas tuas escamas de virgindade…
No teu cúmplice humilde gesto humanitário
Entre correntes quentes e frias correndo nos teus belos seios…
Navegados pelos homens do além
Chegados de grandes e longas viagens
Despiram seu calor da Europa...
Impregnaram-se na frescura que ofereces…,

Entregaste-te, sem lobolo, terra sem cidade…

No orgulho das algemas de suas terras virgens
Como o próprio povo humilde e inocente
Que de suor soante, esverdeou-os:
De trigo, de arroz, de sisal…
No recheio de xigubo… de opressão
Temperado de precursão de temperar azedamente a pele…,

Prostituíram-te, minha terra e meu povo…

Sentiram o doce carinho acariciante
Que vem deste povo humilde do Índico
Indicado a viver nesta baía adorada
Pelas canoas e barcos a vela
Roçando carinhosamente as ondas serenas
Pelas marés enchentes navegantes
Na mistura de sons de melodias de línguas locais
Localizadas no interior da identidade deste povo,

Apelidaram-te…
Terra boa
Gente boa
Terra de boa gente!

De suor vergado dos poros excitados
Provocado pela tesão dos músculos masturbados
Na evaporável viagra do chicote do além
Electrizando corpos de homens e de mulheres
Acorrentados dos pés até ao pescoço
Na marcha bárbara da construção de ti, Inhambane
Outros homens misturados no betão dos edifícios e das estradas
Sangue amassando cimento ou pintando rupestre as obras…
Outros ainda, acorrentados, chicoteados…
Construíam a linha férrea ferrada…
Ou ainda, eram vendidos para outras terras
Para construir as gigantescas economias…
Que hoje, este seu povo “liberto…”
Vivendo nesta ou noutras cidades deste belo Índico
Vagueia na dependência económica…
Nesta máquina de contínua opressão…

Gente boa
Boa terra
Terra de boa gente…,
Inhambane

Pequena cidade, maravilhosa arquitectura
Linda cidade, conservadora de explicação histórica
Ambiente sereno, povo acolhedor
Cúmplice solidão, armadilha de atracção…
De companhias inesgotáveis pelo Inverno e Verão…

Feliz Aniversário (12/8)