sábado, 28 de novembro de 2009

Demónio de um deus dinheirizado

Rezam milagres no altar das rezas
Na voz gritante carregada de surripio
Amplificada no aparelho sonoro
De versos bíblicos realizadores de milagres
Que vibra as melodias divinas
Do demónio de um deus milagroso

Todas almas… estão algemadas
Na voz gritante do demónio…
Que de mente em mente
Amolece-lhes o intelecto intelectual
Do hipnotismo massacrante do intelecto…

E na azáfama do corro entoado
Do evangelho dos versos milagrosos
Desce aos bolsos das almas algemadas
Sacode-os ao reavivamento do espírito
Que sempre morrerá pobre…

E rico o demónio de um deus dinheirizado
Que transforma deus de poderes divinos
Em deus de poderes astutos
Que já não purifica o espírito santo…
Sim, os bolsos que se furam a cada reza…
No altar hipnótico
Onde vive o demónio de um deus dinheirizado…

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Verde!!!

Verde, sim
As florestas verdes
Minas da nossa riqueza
Esverdeando o Moçambique rural
Viajam diariamente
Trancadas em contentores feitos reféns
Navegando pelos mares e oceanos
Aos continentes do além

Verde, sim
Panças do povo esverdeadas de fome
No simples olhar do verde viajando
Do segredo secreto dos bolsos do fiscal
E dos grandes verdes
Esverdeados pelas patências da riqueza do verde

Verde, sim
Destruído pela ganância das patências verdes
Pasmando comunidades de pobreza
No choro de ver suas madeiras
Viajando para o além
Deixando receitas de pobreza fervorosa
Que meia volta é cantada
Pelas patências verdes
Nessas campanhas que só empobrecem as mentes do povo

Verde, não
Negro, sim
Pintado pelos madeireiros sem licênça

Licença, sim
Licença livre carimbada nos carimbos de corrupção
Que deixa nosso verde viajar sem carimbo
Para esverdear os continentes do além
E dos bolsos do fiscal do verde
Assim como das grandes patências verdes
Esverdeadas pelos segredos da riqueza do verde

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Vazio da Letra

Povoa a alma esfomeada
Dos petizes rasgando distâncias diárias
À colheita de um saber literário
Onde só colhem o vazio da letra

Sim, vazio da letra
Onde as almas temem a letra
Amam as imagens na TV
Adoram a tela do computador
E com a sua imaginação e criatividade
Esculpem suas letras
Inundando vagamente o rodapé da TV

São essas letras
Colhidas no saber literário
Entre ensinar e aprender
Ensinar a letra no vazio da letra
E aprender a letra na fome da letra
Rasgando dia pós dia
Distâncias longas à busca da letra
Onde só colhem o vazio da letra

Estampada nas mentes de todos
Que já não se entretêm vasculhando a letra
Apenas colhendo as imagens na TV
O som suave e ruidoso no aparelho sonoro
E o bate papo nas famosas telas do computador
No banquete das regalias...
Que os bons progenitores sabem prover

Ah sim!
Amam as imagens na tv
E grifam grifando
O grife das letras
No palco das letras mortas…
Onde só colhem o vazio da letra

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sons da Minha Terra

Soam de vozes rocas
Outros de vozes demasiadamente desafinadas
Na festa de dança sem dançarinos
Que rasgam a estética do social sonoro

São sons da minha terra
Incubados no orgulho de invenção
Das danças que partem esqueletos humanos
Das vozes que quebram esqueletos sociais e morais
No palco onde soam vozes roucas
Outras demasiadamente desafinadas
Na ronda do cantar de ganha pão…

Mas outros sons são lindos
Sons da minha terra
Carregados de conforto ao tímpano
Da estética sonora
Aos esqueletos sociais e morais
Na ronda de saber cantar…
Onde todos lhes aplaudem felizes…

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Povo Escudo

Ah não Moçambique

E outros irmãos de África...

Parem com essas barbaridades

Aos povos inocentes de vossos intentos

Parem com isso!!

Parem com isso!

Por favor, parem com isso!

Parem com isso…

E se pararem com tudo

Pararem até com a corrupção

Com a repreensão…

E com guerras sem fundamentos

Os povos tossirão verdadeiras liberdades

E inalarão verdadeiro ar democrático…

E todos irmãos de África

Se unirão pela justa causa humanitária

Vencendo todos os males por vós implantados

Pesando somente o povo…

Escudo de todas vossas batalhas…

sábado, 7 de novembro de 2009

...e as leis?!

não sabes?
Oh!
estão penduradas no estendal da inaplicabilidade
para alguns delinquentes
nesse pátio em que um simples tossir
é o recolher coercivo de um corpo melancólico
sem pena necessária
e sob sorte de ferver-lhe o miolo
sem processo crime
no esquentador do rabo sem carvão
ao lúgubre estômago
saciado pelas horas de espera

Que nada se não engolir a voz arrogante
do guarda prisional
cansado de tanto guardar...

E vai soltando-os
ao troco de um toque mágico
nos seus bolsos engordados
e julgados à revelia das leis
nos cantos mais seguros do serviço da guarda
onde só os guardas prisionais
são coniventes em todos os casos de foragidos
até em cadeias de máxima segurança...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Que Temos?

Tudo papá
Temos muitas escolas...
Temos muitos hospitais...
Temos muitas estradas...
Temos muitas pontes...
Temos muitos edifícios..
Até temos tudo, papá...
Mas só dura pouco...
Muito pouco, papá!!!

E o que mais dura, papá!
São os milhares de homens, papá
Barrigudos e obesos
Magros e charmosos, papá
Inteligentes e analfabetos
Construídos ao rigor da técnica
Técnica científica, papá!!!

uta ‘tra breza uta


Até é mais que um hino
Mas também é um hino
À maneira de um hino
Entoado pelos senhorios
Donos das honras e do poder...
Na madrugada em que todos cantam
Menos o povo
Feito para ouvir e aplaudir...

Meu hino
É apenas aquele que o povo conhece
Juntos entoamos e cantamos
Contestado pelo hino dos senhorios
Mas isso não importa
Vamos continuar a entoar e cantar
Nem que seja em silêncio
pela tela e pelo pincel
pelo papel e pela caneta
pela guitarra e pela voz
pelo teatro e pelo humor
pela simples dança
Ou pelos simples gritos...

O que importa
é harmonizarmos tudo
E se tudo for harmonizado
Nossa união trará justiça
Aos que nos cantam
uta ‘tra breza uta
uta ‘tra pção
uta ‘tra breza uta
uta ‘tra pção