quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sangue em Açambarcamento (4)

E no bazar da religiosidade?
É o apogeu do cúmulo de mistérios
Embutidos nas iscas de milagre e salvação
Que pescam os mariscos de diamante e ouro
Jazido nos bolsos de crentes…

Acorrentados pela corrente da psicologia hipnótica
Dentro da prisão de esperança de milagres e salvação
Soltam tudo quanto podem (jóias, dinheiro, casas, carros, etc.)
Em nome dos dízimos ao milagroso e salvador senhor
Que mais tarde só se cantam melodias melancólicas
Em corro de arrependimento…
Apenas para quem consegue escapulir-se dessa prisão…

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sangue em Açambarcamento (3)

No bazar do poder político
Lançam-se iscas de promessas
Embutidas em discursos alucinantes
Da veste esfarrapada de ideologias políticas
Que esfolam as veias da irmandade
Ao abrigo de leis e políticas…
Cromadas a vapor de deveres ao povo
E revestidas de injustiças no cúmulo da sua aplicabilidade

Nesse bazar o sangue derrama a jactos
Gira em torno dos comerciantes da política
Rega-lhes tranquilamente os caprichos da gula
No comércio da governação que lhes gera riqueza
Enquanto cânticos de luta contra a pobreza absoluta
De luta contra a corrupção
Contra todas as injustiças sociais
Vão animando o povo adestrado…

Sangue em Açambarcamento (2)

No bazar de amor
Lançam-se iscas de promessas
De amar-se até á eternidade
Entre juramentos de fidelidade
E de partilhar todos os momentos da vida
Desde os da felicidade até os agónicos
Na luz de mistérios de leis convencionais
Rogando a bênção do poderoso criador…

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sangue em Açambarcamento (1)

Vidas são açambarcadas
Nos bazares de amor…
Da governação…
Da religiosidade…
Ao preço de ávidos interesses obscuros
Dos açambarcadores do sangue da irmandade…

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Objectos do Finado

Não, eles são do finado
Não morreram
Apenas carregam angústia
Dor e solidão acasalados
Na capoeira de abandono e bagunça

Eles não falam
O finado sim vociferava em vida
Eles não falam
Só brilham no camarim das disputas
Entre esquivar olhos gulosos
E vozes precipitadas
Até mãos atrevidas
Que nem respeitam as regras do jogo…

Mas eles não falam
São objectos do finado
Brilhando nos mistérios das tradições
No altar silencioso da fala

Precisam ser falados para falar
Falar a quem lhes pertence
E como os deverão usar
Pois eles não falam
São objectos do finado…

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mae

Oiça a minha voz
Que dança melodias de saudade
De invadir teus tímpanos
Ao encontro de ti, mãe

Está carente de ti, mãe
Nem meus olhos te alcançam
Nesta distância que mata
E enterra a minha voz

Mãe
Sei que não me esqueceste
Tenho certeza que me contemplas
No teu pensamento como tua preciosa jóia
Que me polis a cada pulsar de seu coração
Nessa distância distante
Que nem os meus olhos te alcançam

Tenho certeza em mim
Que um dia vais voltar
Beijar-te o rosto enrugado
Deliciar-me da tua voz já melancólica
Sentir as tuas mãos escamosas
Bronzeadas talvez pelo carinho do cabo da enxada…

Eu
Aguardo-te com todo carinho de filho
Nesta minha idade avançada
Pasmada pela nostalgia…
Que mesmo com o tempo
Nada se apaga, mãe.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Samora Machel

Tapete Vermelho

Homem que pisa tapete vermelho é bebedor do sangue do seu povo

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A festa dos Sexos!

Os dias da festa se avizinham
Se bem que não são estes
Que de boca em boca
E mesmo aquelas bocas sem palavras
Rumam ao mesmo destino…

Muitas ensaiam a mesma melodia
Na batucada de beiços
Para que nesse dia
A festa do labor das ancas
Rebente as cordas vocais
Nos gritos gemidos
Aos calafrios prazerosos dos sexos

E
Misterioso espectro segreda-me:
Há gente sequer sabe do dia da festa dos sexos
E ainda organiza outras festas:
Arranca a pele da mulherada ou da homenada
Fabrica seus batuques
E na azáfama de sons misturados na pele
Dançam Marrabenta
Mapiko
Xigubo
Zore
Xingomana
Ngalanga
Etc.
No prazer azedo da ribalta das agressões
Que avermelham os rostos
Invadidos pelas lágrimas de dor…

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ávido

O homem é prisioneiro da avidez...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

No dia que serei pessoa...!



Vou lutar para ampliar o universo
Para conceder espaço só para mim
Como os meus líderes bem protegidos…

Porque no dia que serei pessoa
Quererei tudo para mim
Como os meus líderes têm tudo só para eles…

Quererei tudo para mim
Tudo que não cabe no estômago do povo
Tudo que não cobre uma cabeça como a minha
Tudo menos um sorriso para mim
Neste mundo que carrego todos os males…

No dia que serei pessoa
Vou gritar para ser filha de alguém
Vou ressuscitar as leis para ser cidadã de um país
Porque neste universo
Eu continuo cidadã desprotegida
Continuo filha escravizada