terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Pilão de Minha Mãe

Que vais pilar mãe
No pilão cheio de úlceras
E sem morfina sequer
E ainda com mussi quebrado
Pela vertigem do vazio,
Peneira solitária que nem nos ecos
Do teu suspiro enlutado
Levanta a poeira que verga
O estômago sem buzina
E tinlholos para prever
O perigo da tempestade
Que se incuba?

Onde vais pilar mãe,
Se o pilão está dolorido de úlceras
E moribundo no silêncio sem asperina
Nesta terra firme de injustiças
E tuas mãos escamosas
Morrem de vertigens
Ao abraçar a ordem de pilar
Que se ergue dos males
Autoritários da vida selvagem
Que o homem finge ser racional?

E como vais pilar mãe
Se tuas veias encolhem
Na impotente tesão...,
Que nem viagra da justiça
Levanta o ânimo das veias
Que vergam na candonga de poderes
E nem a morfina dos 100mts
Cimenta-te o rosto de alegria
Da assistência social
Neste lar que a peneira
Morre de desespero
Na lixeira do desemprego?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sorriso Indefeso de Minha Mãe

E aqui
Minha mãe vive
Arrebatada de canticos de desispero
Descortina ventos da tradição...
E cobre cortinas de silêncio
Entre rezas solitárias de evocação
Piladas no templo da fé
Que milagres lavram eixos de dor
E adocicam o fermento de estômago vazio
Que vezes enche-se da vacuidade da santidade...
Supremacia de poderes de dilapidação
De sorrisos indefesos de minha mãe.