quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Festejo de resultados…

Na planície do poder conquistado…
Alguns dançavam convictos que a barriga continuaria empanturrada
E com bolsos pesados de sangue e suor do povo
Rasgavam gargantas de entusiasmo de vida a continuar


Mas outros, apenas convictos emocionalmente…
Com incertezas de um amanhã diferente de ontem (?) …
Aplaudiam aplausos melancólicos…

E outros ainda, inconformados com os resultados resultantes
Afiavam os dentes de raiva
Grulhando sarcasticamente de raiva
Mas nada para mastigar e engolir
Senão ameaças ameaçadas da crise mental…

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Minha Panela

Fogo seu companheiro sente sua falta
Já não cantas a melodia amiga do estômago
Estás triste na esquina da casa
Nem côdea tens para assegurar-te
Que até as galinhas chutam-te aos pontapés

Só conservas a tua cor negra
Cor que também pinta as panças dos petizes
Que morrem de ódio odiosa
Quando o borralho lhes pinta o rosto e os pés pálidos
Que só você os tapa nas manhãs soprantes de alegria
Na fervura fervorosa de suas tripas
Que já são os amigos do fogo da tua fervura

Ah, minha panela
Esquinada no vazio sem alimento
Como o vazio das tripas dos petizes
Que rasgam distâncias nas florestas
Soltando os olhos á busca de um fruto silvestre…
Quando voltarás ao fogo seu companheiro
Para cimentar as tripas dos petizes
Por um verdadeiro cimento do estômago?

Criança

Jóia de quem a nasce
Que sua luz brilha para todos
Até nos corações fervorosos de ácido
E nos jazigos da penumbra de homens sem corações

Criança
Se és jóia de quem a nasceu-te
Todos somos chamados a polir-te carinhosamente
Na presença e na distância de amizades
Com dignidade e amor
Para manter a sua chama acesa
Que é o orgulho da Humanidade

Pois tu, criança
És a continuidade desta espécie
Que te nasce e atira-te na drenagem
Que te nasce e guilhotina-te misteriosamente
Que te nasce e vende-te…
Que te nasce e abandona-te inocentemente…
Que te nasce e escraviza-te…
Que te nasce e incinera-te no cativeiro…
Vestindo-te de vestuário de sofrimento
Na sofrida ceia sem alimento
Sem abrigo e amparo de quem a nasceu-te

Criança, criança, criança…
Minhas lágrimas inundam este mundo perverso
Visto a tua dor e sofrimento
Engulo a tua escravidão e tristeza
E decalco os passos da tua nudez
Neste grito que ninguém me ouve…