quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Outra Vez, Patrão!!!

Ainda me escravizas Num papel branco Timbrado artisticamente No ateliê de versos, As cláusulas, patrão! Patrão, Ainda me escravizas Cláusulas sensuais, Chicote sem piedade Que tesa firme nos corpos nus Cobertos de força para ti. Lá estão as algemas, Lá estão as correntes , Mentes sem saída No vapor de chicote Que tesa firme nos corpos nus A troca de qualquer moeda, Que nem matica estômago, patrão. E calcanhares determinados Tapam burracos nas cidades, Na marcha electrizante De alcatrão que sua da pele Fundida de asfalto da vida, patrão. Patrão, Salário mínimo, Estômago sem o mínimo No contrato que só colhe vazio Não é outra escravidão? Fala, patrão! Ainda me escravizas ou não? Duvidas? Governo também está lá, certamente Celeiro de políticas roto, com certeza Incapacidade de fiscalizar, outra verdade Investidores políticos, sem vontade política Ohhh!, meu patrão, meu patrão, meu patrão… Outra vez????

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Pilão de Minha Mãe

Que vais pilar mãe
No pilão cheio de úlceras
E sem morfina sequer
E ainda com mussi quebrado
Pela vertigem do vazio,
Peneira solitária que nem nos ecos
Do teu suspiro enlutado
Levanta a poeira que verga
O estômago sem buzina
E tinlholos para prever
O perigo da tempestade
Que se incuba?

Onde vais pilar mãe,
Se o pilão está dolorido de úlceras
E moribundo no silêncio sem asperina
Nesta terra firme de injustiças
E tuas mãos escamosas
Morrem de vertigens
Ao abraçar a ordem de pilar
Que se ergue dos males
Autoritários da vida selvagem
Que o homem finge ser racional?

E como vais pilar mãe
Se tuas veias encolhem
Na impotente tesão...,
Que nem viagra da justiça
Levanta o ânimo das veias
Que vergam na candonga de poderes
E nem a morfina dos 100mts
Cimenta-te o rosto de alegria
Da assistência social
Neste lar que a peneira
Morre de desespero
Na lixeira do desemprego?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Sorriso Indefeso de Minha Mãe

E aqui
Minha mãe vive
Arrebatada de canticos de desispero
Descortina ventos da tradição...
E cobre cortinas de silêncio
Entre rezas solitárias de evocação
Piladas no templo da fé
Que milagres lavram eixos de dor
E adocicam o fermento de estômago vazio
Que vezes enche-se da vacuidade da santidade...
Supremacia de poderes de dilapidação
De sorrisos indefesos de minha mãe.

sábado, 5 de novembro de 2011

Deixem o Meu Povo Chorar

Deixem o meu povo chorar,
Chorar lágrimas de conjuras
Na fiança de juras entre juras,
Debaixo de injúrias do metical vazio
Sobre chicotes de impostos postos
Ao serviço de limpa-brisas de qualquer humidade
De suor e sangue dos pequenos corpos
Que tombam na sorte de armadilhas
Postas nas lixeiras de empregos
Com pregos que pregam a mendicidade
Do desemprego no véu de promessas.

Nyandayêêêyôôô0uuuuuuuuuuuuuuuu...

Deixem o meu povo chorar
Porque os rostos da verdade
Clamam pelas nossas lágrimas
Que ferimentam adentro
Do alampique, impedido
De destilar a aguardente do teor
Das verdades que verga
Lucidez no povo quando sorve-a
Em liberdade política...

Deixem o meu povo chorar
Nada de fazerem chorar injustamente
Os canos das armas e das leis
Para limpar o meu povo
Povoado de inúmeras injustiças
Que precisa chorar lágrimas
de todas as cores...
Mas deixem o meu povo chorar,
Chorar! Chorar! Chorar...

sábado, 30 de julho de 2011

Minha Identificação (1)

Não tenho outro nome
para além de Cadáver Ambulante Sofrimento,
filho de Nascimento Rejeitado Orfão
e de Abandonada Rejeitada Pos Ventre.
Sou de Nacionalidade Pobreziana
Vivo na cidade das Batalhas, entre as esquinas
das avenidas Labirinto e Vazio, perto do Supermercado Bocaria
onde passo algumas horas a fazer compras...
Trabalho na Empresa Mendicidade desde a Infância.

Meu sonho é ter a vossa Nacionalidade
E um País que me aceite mesmo sem meus progenitores,
porque agora a minha manta rasga-se diariamente
depois de cada golpe da tempestade de vossos discursos de utpoia,
meu estômago ronca em cada refeição de vossas palavras
e o pior, é o meu tecto que desaba sempre que erguem
a primeira pedra no poder da arquitectura dessas hipocrisias...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Lágrimas da Mãe Africana

Mãe chora
Mundo estremece
Terra negra seca
Sofrimento - a estrada da dor
Sem sinalização competente
Potente de violência de povos inocentes
Que torna mundo insuportável
Até de chamar mundo de uma civilização
Civilizada de bandos de mariginais
Adornados de banhos de sangue
inundando estradas sem alcatrão
No discurso de poder a tiroteio
Corpos detoirando na marcha da vida
Sem vida, polidos de luto
Que mãe chora
Terra seca
E mundo estremece
De tantos males
Que amalam a humanidade
Sem humidade sequer para sobrevivência
Neste reino de espiritos
E deuses sociais e políticos
Em que a única festa de milagre existente
É a dor e sofrimento
Que deixam mãe em banho de lágrimas
Nesta selva da humanidade...
Ohhh, não, mae!
Tua costela tela de mistérios
Rios da tua nascente,
Afluentes de ti
Que desconheces o seu fim
Para além deste fim sem sinalização...
Que te comove limpando as lágrimas
Com o luto ainda a carregar de luto...

Inhambane, 18.03.11

sábado, 2 de julho de 2011

Mil Ausências de Mil Filhos

Ohhh! Minha Mãe de mil filhos
nesta planície de mil fendas abertas
e mil dores presentes, mil solidão em marcha
e mil pesos de angustia, mil companheiros
do teu corpo sem um escudo na mil miséria
para defender-se de mil sofrimentos soprados
e espectados entre as mil flechas de sol e da lua.

Noite sem lua e dia sem sol, mil dores
no travesseiro de qualquer raio,
rosto sem mil sorriso coberto de nuvens...
no celeiro do céu do corpo coração estuprado
e erguido por mil pilares de mil esquecimento
da engenharia civil de mil desprezos
entre os mil caminhos da vida e da morte.

Ohhh! Minha Mãe de mil filhos
sem filhos, presente o passado
remoído a cada passo da mente
que morre nos mil passos passados na flecha
de mil dores sem uma morfina,
mil filhos ausentes, mãe.

Minha Mãe de mil filhos
coberta de mil fendas
em festas de mil lágrimas no rosto
de mil velhices vazado
pelo mil vazio de mil solidão,
larreira de mil sorrisos apagada
na planície de mil ausências
e mil acusações de mil filhos,
mil e mil e mil...


Massinga, 28/6/11