Ohhh! Minha Mãe de mil filhos
nesta planície de mil fendas abertas
e mil dores presentes, mil solidão em marcha
e mil pesos de angustia, mil companheiros
do teu corpo sem um escudo na mil miséria
para defender-se de mil sofrimentos soprados
e espectados entre as mil flechas de sol e da lua.
Noite sem lua e dia sem sol, mil dores
no travesseiro de qualquer raio,
rosto sem mil sorriso coberto de nuvens...
no celeiro do céu do corpo coração estuprado
e erguido por mil pilares de mil esquecimento
da engenharia civil de mil desprezos
entre os mil caminhos da vida e da morte.
Ohhh! Minha Mãe de mil filhos
sem filhos, presente o passado
remoído a cada passo da mente
que morre nos mil passos passados na flecha
de mil dores sem uma morfina,
mil filhos ausentes, mãe.
Minha Mãe de mil filhos
coberta de mil fendas
em festas de mil lágrimas no rosto
de mil velhices vazado
pelo mil vazio de mil solidão,
larreira de mil sorrisos apagada
na planície de mil ausências
e mil acusações de mil filhos,
mil e mil e mil...
Massinga, 28/6/11
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