Jóia de quem a nasce
Que sua luz brilha para todos
Até nos corações fervorosos de ácido
E nos jazigos da penumbra de homens sem corações
Criança
Se és jóia de quem a nasceu-te
Todos somos chamados a polir-te carinhosamente
Na presença e na distância de amizades
Com dignidade e amor
Para manter a sua chama acesa
Que é o orgulho da Humanidade
Pois tu, criança
És a continuidade desta espécie
Que te nasce e atira-te na drenagem
Que te nasce e guilhotina-te misteriosamente
Que te nasce e vende-te…
Que te nasce e abandona-te inocentemente…
Que te nasce e escraviza-te…
Que te nasce e incinera-te no cativeiro…
Vestindo-te de vestuário de sofrimento
Na sofrida ceia sem alimento
Sem abrigo e amparo de quem a nasceu-te
Criança, criança, criança…
Minhas lágrimas inundam este mundo perverso
Visto a tua dor e sofrimento
Engulo a tua escravidão e tristeza
E decalco os passos da tua nudez
Neste grito que ninguém me ouve…
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