sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Subúrbio (2)

Da rampa da montanha da pobreza alcanço
O lençol freático que encolhe poços sem água
Como as tripas de cadávres ambulantes do subúrbio
Espancados pelo vento da espada da fome
Ou do grito de crianças que baloiçam no peso do vazio...
Lá oiço o eco do grito do martelo
Na empresa empregante de desemprego
Que nem a lei que forma os desempregados
Acode a confusão instalada entre o martelo e a empresa...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Subúrbio (1)

Subo o subúrbio
Desço na rampa da montanha da pobreza
Assobiando a terra com calos dos pés
Calçados de miséria da nudez que beijam o chão
Abraçados às estradas do vazio do alcatrao

Caminho no perfume da imundicie
Ao encontro de esqueléticas casas
Que ainda albergam cadáveres ambulantes
Que fogem coveiros para lhes enterrar
Soterrados pela pobreza que reza
Os tumultos das campas acampadas no meu subúrbio
Que se tornam cartão de visita da ajuda externa
Eternamente sumindo do museu da minha arte...