segunda-feira, 21 de março de 2011

Vinte e Um de Março, Arquitectura das Palavras

A poesia é este movimento antes em silêncio sufocante
Algemado em vozes no hospício de solidão, de dor, de alegria...
Que desamarram palavras – reclusos que invadem papéis
Com espingarda de esferrográfica nos dedos
Adedados na arte de assaltar o vazio do papel

Poetas/Poetisas não temem qualquer espingarda...
Porque a poesia é este diálogo e percepção do vapor das espingardas
Dos estrondos de guerras bélicas
Do movimento penumbrado dos espectros
Da fala dos swikwembos no pacto com os vivos
Do grito vagabundo do mar no vaivém das ondas
Do gemido prazeroso de corpos algemados na planície do amor
Do brilho tédio do vazio de estômagos do povo
Da festa do sol ou do luar
Onde a civilização humana é o epicentro de todas as mudanças
No percurso entre a luz e a escuridão...

A poesia é a fervura do pensamento esquentado no fogo do silêncio
Atiçado pelos estrondos passos de cada civilização humana
Na larreira cujas chamas são as palavras que trepam as escadas de qualquer papel branco
Neste movimento da vida que todos os dias cantamos,
Contamos, degustamos impressões, emoções, paixões, apetites, lágrimas, luto...
Que tornam a vida vivida em cada verso poetizado,
Devendo-se aos poetas – esses operários constructores...,
A honra de toda a arquitectura elaborada
De símples ou complexo, sintetizar cada suspiro vivido ou visto...

Khanimambo a todos mestres da poesia
Que pela arte da alma vivem, morrem
No arteliêr arquitectónico das palavras
Lavrando a terra da vida, replecta de inúmeros mistérios
Que são a inspiração de qualquer poeta/poetisa
Que entre a noite e o sono, o dia e o sol
Divide a cada momento com a enxada da palavra na mão

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