Sempre que o sol raia
Raia-me a matemática no cérebro
Martelam-me as equações da vida
Com resultados positivos ou negativos…
Sempre que o sol esmurra-se no travesseiro do escuro
Ressuscito-o nas mantas sem conforto
Na nudez de janelas mortas pelo silêncio
Jogando contas no quadro da vigília
Magicadas de soluções sem resultado
No tagarelar silencioso do cérebro
Que mergulho no longo e prolongado silêncio nocturno
À busca de solução da equação da vida
Vasculho o espírito protector
Só me cobra mhamba…
Rogo Deus na cortina de milagres
Só me cobra dízimos…
Chamo a responsabilidade do poder…
Só me entulha de inúmeros e elevadíssimos impostos…
No rio de discursos de possibilidades impossibilitadas
Vou sobrevivendo endividado
No banco do coração
No banco do estômago
No banco do cérebro
No banco de patriotismo -
Onde os juros custam-me sangue e sofrimento
Sem que ninguém me acuda!
Mawaku os que vivem sem dívidas
Que apenas precisam e fazem
Matemáticas para subtrair os meus juros
Nesta vida que em todos os bancos estou endividado
Mawaku, mawaku, mawaku eles…
Estou sufocado desta vida
Mas a saída é continuar endividar-me
Juros chicoteando-me o cérebro
Machucando-me o coração
Roçando-me o estômago
Varrendo-me o orgulho de patriota -
Nas matemáticas feitas pelos outros
Das contribuições sem destinos
De impostos cada vez diversos e altíssimos
Coercivamente colectados pela lei inquestionável…
Mawaku, mawaku, mawaku…
Mesmo que deixe de amar
O banco da solidão me cobrará
Mesmo que deixe de comer
O banco da fome me cobrará
Mesmo que deixe de trabalhar
O banco de desemprego me chicoteará
Mesmo que deixe de estudar
O banco do analfabetismo me sufocará
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