Aqui as mulheres cantam o orgulho de serem moçambicanas ou africanas
No espectáculo da noite espessa em que o sono foge,
Corre para a baía vislumbrar a magia da rede que pesca o sorriso do pescador...
Ou para a festa do sol abrasador que tenta impedir a percussão do xigubo da coluna
No palco da machamba que nem mandioca para tapiocar traz...
Ou para acudir o giz que seca nas mãos do professor antes de, pedagogicamente brilhar nas mentes dos alunos...
Minha casa não é aqui, é no sussurro das ondas da baía,
Sentado no banco da areia despida pelo vaivém das águas,
Possuído pela melodia do Índico onde pelas noites me lanço entre os suspiros dos sonhos das mulheres bitongas, matswas, machopes e doutras mulheres de moçambique ou de Africa…
Que deambulam à risca de violar as algemas da pobreza que cada dia arrasta mais reclusos...
À prisão machista guarnecida pela musculatura da masculinidade social,
Que nada conseguem se não despir a naturalidade da sua beleza esculpida pelo ventre do Índico...
Na baía os sonhos não morrem no sono como o peixe morre na rede,
Os sonhos atravessam a alvorada de canoa até ao raiar do sol,
Mesmo que signifique gelar sangue pelas aguas,
Rebentar as mãos nas rochas ou na terra seca,
Emprestar a consciência na doutrina de dizimos,
Ou pendurar a verdade em nome da verdade politica...
À esta margem da vida em que as acções do sonho se cruzam no cumplice ganancioso desta devastadora civilizacão...
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