segunda-feira, 29 de março de 2010

Cabaça

Trilho em caminhos sombrios
Carregado do meu casaco no ombro
Com a cabaça de mata sede na mão
Na longa caminhada finita da vida
Onde finto o meu próprio caminho

Lá vou eu
No perambulo da minha babalaza
Banhado de suor do meu Índico
No cântico da minha canção
Que me vem da profundeza do rio da vida

Trespasso longamente a floresta esverdeada
Em desequilíbrio acentuado de meus passos
Com a cabaça da vida na mão
Assobiando sereno nas folhas verdes da floresta
Que despertam mortas das flechas arrogantes do Homem
Cintilando-me nos olhos recauchutados de babalaza
O último adeus de sua densa naturalidade

Escalo o calor do Índico
Embutido na minha cubata pintada de negro
Ouvindo suspiros da melodia da vida
No espectáculo das vozes guilhotinadas…
Dedilho minuciosamente a guitarra
No sorvo doce do líquido da minha cabaça
Que a cada gole estrangulado
Estrangula ou cria a minha babalaza companheira

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